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02/01/2019

CASA DA MOEDA de BEJA

Casa da moeda de Beja
Em Junho de 1920, no Boletim do Municipio de Beja escrevia-se sobre a Casa da Moeda de Beja: A Rua da Moeda, tirou o nome de, em um prédio se haver executado o fabrico ou a simples carimbarem da moeda? Qual é o prédio? Ignoramos; como , por falta de documentos, desconhecemos muitas outras cousas da nossa terra, cuja preocupação parece ter sido sempre, fazer desaparecer, vandalicamente, tudo que indique o modo de ser, pensar e sentir d'outrora; tudo enfim que é arte e à história interessa.
Oh! mas daqui a anos, quando em Portugal o turismo fôr uma realidade e a verdadeira civilização se houver espalhado por todas as classes, amaldiçoados serão os decendentes dos hunos, que por estupidez e sectarismo, tantas riquezas tem aniquilado, destruindo as testemunhas oculares das nossas glórias e grandezas passadas, apagando preciosos vestígios da evolução das artes, reduzindo aos nada os monumentos que tantos factos atestavam e tamanhas dificuldades podiam aplanar a quem se dedica ao difícil lavor da história!

Entramos em 2019 sem lugar alcançar os apoios necessários para preservar a casa da moeda de Beja, instalada em 1521, e tratar o material exumado.
Tratando-se de um das mais interessantes contextos arqueológicos de Portugal, e um dos únicos assim preservado no mundo, seria normal que quase 100 anos depois se não tomasse como actual o texto do Boletim do Município de Beja.
Face ao total alheamento das vontades e os dos poderes culturais e políticos para uma estrutura capaz de valorizar  atrair gentes á região, partimos para o estudo e a publicação daquilo eu conseguimos salvar. Mas partimos sem meios e algumas procedimentos, como as análises arqueométricas, absolutamente necessárias para esses estudo, custam dinheiro (dinheiro que não temos).
 Assim, iniciamos 2019 dando início a uma campanha de crowdfunding, para angariar os meios necessários para tornar público este fantástico achado.
Apelamos a todos que nos ajudem e que possamos fazer deste trabalho um verdadeiro trabalho de ciência cidadã, pois todos os que colaborarem terão o seu contributo registado nos respectivos estudos. Seremos todos participantes.


29/11/2014

Eros dormindo sobre pele de leão/villa romana de Pisões

Eros villa romana de Pisões*
Séc. II d. C
Em 1992 Helena Paula Carvalho publicava uma peça escultórica, inédita, de Eros alado adormecido, proveniente da villa romana de Pisões.
Esta peça, que representava uma criança recostada sobre a pele de leão de Nemeia, com as pernas cruzadas e com um lagarto ao lado do corpo, data do século II, da época dos antoninos.Nessa altura encontrava se no posto de Turismo de Beja, então situado na rua Capitão João Francisco de Sousa, donde desapareceu há cerca de 14 anos. Do desaparecimento desta peça escultura de grande qualidade plástica, eventualmente proveniente de uma oficina de Roma, dá conta Leonel Borrela num apontamento publicado no seu blogue “Beja cidade monumental em 28 de Maio de 2010.

Este tipo de figuras de crianças é muito popular em época romana e constitua motivo usual no reportório das esculturas decorativas da Hispânia, sendo conhecidos vários exemplares provenientes de villae.
Quem dera pudéssemos trazê-la de volta!


* Foto in https://www.academia.edu/1272338/ESCULTURA_ROMANA_DE_EROS_DORMIDO_DE_LUCENA_CÓRDOBA_

02/11/2014

César de Pax Iulia




Em 2007, o busto em mármore de um homem foi retirado do rio Ródano (FIG.1). O arqueólogo Luc Long apressou-se a sugerir que esta bela peça seria um novo tipo de retrato de Júlio César e que dataria de cerca de 46 a.C.. Teria sido executado em tempo de vida do general e, por isso, a mais antiga representação conhecida de Júlio César.
O seu achado constituía, pois, um acontecimento arqueológico de uma extrema importância. As críticas a esta atribuição não tardaram e foram, inclusive, pronunciadas num debate organizado no Louvre com especialistas pró e contra esta identificação. 
A maior crítica centrava-se na falta de elementos de semelhança com os tipos de bustos de César conhecidos. Fleminng Jonansen, especialista dinamarquês, afirmou que como não havia na época de César nenhum tipo de retrato oficial, como acontecia ao tempo de Augusto, se aceitava como normal encontrar grandes diferenças entre as várias representações de César e, também,  que os retratos realizados em França fossem diferentes dos retratos romanos ou italianos. (http://www.louvre.fr/sites/default/files/medias/medias_fichiers/fichiers/pdf/louvre-programme-detaille-table-ronde.pdf)

Por seu lado, Christian Goudineau, professor de História Antiga no Collège de France, argumentOu a ausência de semelhanças deste retrato com os conhecidos, com o facto deste  ser mais antigo, ter sido executado antes dos outros, que são póstumos ou cópias do período augustano.
Sobrepondo as opiniões favoráveis às contrárias a credenciação do César de Arles ( ou do Rhône) tomou o seu caminho.
Em 2009  quando o Musée d'Arles Antique, organizou uma exposição intitulada  César, le Rhône pour mémoire, expõe-se pela primeiravez ao público "Um busto de César de grande tamanho em mármore, único na Europa" como em 2008 a  ministra da cultura, Christine Albanel, o havia designado.
O Louvre recebeu a exposição em 2012, entre os meses de Março e Junho, e juntou às peças do Ródano o busto de César de Tusculum , que está no museu de Turim (FIG: 2), e que à data era considerado o único exemplar que reconhecidamente representa César, para que houvesse a possibilidade de confrontar os dois retratos.
O único retrato de César em vida e o exemplar que servia de comparação foram vistos por 400 mil pessoas.
 Em 1900 foi encontrado em Beja, na muralha, um busto varonil de um homem de meia idade, com uma cicatriz no lado esquerdo (FIG.3). Está no Museu Regional de Beja, encaixado em uma base de gesso, exposto num nicho meio escondido, numa ala do claustro.
Vasco de Souza afirma que "na sua concepção, esta cabeça faz recordar os retratos de Júlio César".
Comparando a cabeça de Beja com outros retratos conhecidos de César, nomeadamente o mais emblemático, o de Tusculum, que sem contestação é identificado com César, as semelhanças são evidentes: o formato dos lábios, em que se destacam as covas nos cantos; as rugas profundas partindo das abas do nariz; as rugas da testa; a posição de olhos e as sobrancelhas arqueadas; o queixo saliente e o penteado são, apresentam similitudes claras.
Suetónio descreve Júlio César como tendo rosto largo, formato em que se enquadra melhor o retrato de Beja que a face mais triangular do retrato do museu de Turim.
São, também, evidentes as semelhanças do retrato de Beja com o de Arles. A distinta qualidade das ilustrações pode não mostrar com rigor as proximidades, mas elas são bem claras.

O retrato de homem de meia idade de Beja reúne, portanto, todas as condições para ser uma representação de César. Desta opinião é, também Margarida Maria Almeida de Campos Rodrigues (O retrato oficial Romano no tempo da Dinastia Júlio-Cláudia(https://www.academia.edu/2073514/O_RETRATO_OFICIAL_ROMANO_NO_TEMPO_DA_DINASTIA_JÚLIO-CLÁUDIA)
Se se trata de uma cópia da época Augustana é, do ponto de vista da representação e do seu valor, absolutamente indiferente, pois que datam desta época boa parte dos raros retratos conhecidos de César.
Desde há algum tempo que vimos tentando dar visibilidade a este retrato de Pax Iulia. Não é por falta de qualidade da peça, nem por falta de argumentos que justificam a sua importância que não logramos que se retire do nicho onde está "escondida" (curiosamente no mesmo nicho onde está a designada "Vénus de Beringel", outra escultura de grande qualidade) e transferida para local onde seja feita justiça à sua importância.
As várias propostas de valorização do César de Pax Iulia, por alguma razão, esbarram em negações que se não compreendem nem se justificam.
Dá vontade de pensar que se vendêssemos a peça aos franceses eles tratariam imediatamente de mobilizar milhares de visitantes para verem mais um retrato de César.
Ministros e Secretários de Estado, Directores de Museus e outros estariam, muito provavelmente  presentes na  apresentação pública. Para Portugal, talvez fosse interessante negociar a venda e conseguir verbas para as obras do Museu Regional Rainha D. Leonor.
Quem sabe, não receberia o Museu obras necessárias e urgentes e o César de Pax Iulia lugar digno de exposição.

Mas…, Beja merece ter esta peça e valorizada.



28/02/2011

Líbia



Poderia escrever ainda muito mais coisas sobre a Líbia. E como gostaria de as saber escrever!

Mas quando se imagina que o intangível  azul do mar de Sabratha ganha as cores rubras do sol a escapar ao fim do dia pelas entranhas do teatro, é um ruidoso silêncio que nos consome.


É um credo de vazios, uma ausência do nada que se não confunde com as palmas no teatro já calado no lusco-fusco da lua, depois de poderosa apresentação; porque dessas dá-nos o compasso o lamurio elegante de ondas delgadas e suaves a embater entradas nas ruínas.
Escolho imagens; umas a seguir às outras
como se as olhasse num hino ou as confundisse no garrido dos brocados e 
dos tecidos e das especiarias 
que iluminam e perfumam a medina.


    Talvez um dia destes eu possa escrever de novo. 
Talvez eu possa voltar de novo a olhar o teatro no  mar de sabratha sem o olhar grande de  Medusa  caída do forum de Leptis Magna.








21/10/2010

Os amores melhores são os amores da rua

Era uma vez uma academia onde, diz-se, se ingressa para aprender.
Era uma vez o ensino que, diz-se, se criou para implementar conhecimento.
Era uma vez o tempo presente onde a academia é um caixote fora de prazo em que quem ensina não tem espaço e quem aprende sofre de claustrofobia. Sai correndo procurando outros amores, daqueles
que nalguma parede do bunker estão definidos, exibidos, exaltados como
Os amores melhores
são os amores da Rua.
Da academia só nos dias de desbunda, quando os amores se aquentam escondidos numa capa preta
solta pela rua se pode pensar que nela se ingressa para o que quer que seja.