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22/04/2011

Arqueologia das cidades de Beja IV


Ao ritmo do tempo. E das condições. A cidade vai ganhando corpo, empilhada nos desmoronamentos e desgastes do passado. Percebe-se que nem sempre houve tempo nem meios para se reconstruir em sólidos  alicerces, pois que, tantas vezes, se acomoda apressada nos entulhos e nos restos arruinados que se sobrepõem abeirados nas ruas e por cima delas.
Tem ar de estaleiro permanentemente aberto e monotonamente degradado o chão desta cidade. Como num jogo em que se chega ao fim só depois de avanços retardados por regressos ao ponto de partida, o retorno à casa de partida é, neste caso, um  o um regresso ao ponto de onde melhor se observam os modos como a cidade se encontrar com a sua construção.
 Voltámos a vasculhar o interior e à casa de partida. Prontos para observar, novamente, a fábrica da cidade. Elegemos o olhar o " Operário em Construção" e a "cidade Antiga", poemas que Vinicius de morais escreveu para outros,  como instrumentos para vencer o caminho.
                                                                               Era ele que erguia as casas                                  Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia

De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdad
Era a sua escravidão.

De fato, como podia
Um operário em construção
Compreender por que um tijolo
 Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia...
Mas fosse comer tijolo!
                                                                                  E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse, eventualmente
Um operário em construção.
 ........
http://www.viniciusdemoraes.com.br/site/article.php3?id_article=206

16/04/2011

Amor de Universidade! II


Retorno até tema, porque, investigando, como me compete, descobri que o jogo que estava ilustrado no telefone referido atrás era a 1º mão da Liga Europa, realizada no Estádio da Luz em 1 de Abril de 2010. Nesse jogo o Benfica levou de vencido o Liverpool  por 2-1.  Saviola ficou de fora dos convocados e o Benfica que iniciou o jogo  a perder correu atrás do prejuízo e por intermédio de Cardoso, que cobrou exemplarmente duas penalidades, saiu da Luz vitorioso (haverá mais perfeito domínio da linguagem do futebol que este?). Talvez por ser o dia das mentiras aquilo foi uma espécie de simulacro porque o jogo de volta foi o que todos sabemos e, imagino que para muitos, ainda hoje é  melhor  nem falar nisso.
Este telefone pode ser velho, mas é optimista e mostra resultados positivos.
Entretanto,  alguém me permitiu que fosse a uma loja e comprasse placas de internet novas; foi até possível escolher cores. Perdi quase um dia com isto tudo mas, enfim, como  a investigação ao conteúdo do telefone me levou a um dia em que ainda havia uma águia chamada Vitória e uma multidão, que dizem ser 6.000 milhões de portugueses, que ainda acreditavam, pude recuperar do trauma da leitura dos jornais de fim de semana. E voltar ao trabalho. Afinal é tudo um jogo!

Amor de Universidade!


Não sei se é pela já longa idade, mas a minha universidade está a ficar refinada. E, também, com uma noção muito particular de como fazer face aos desafios da crise.
Poderia aqui contar a história de como uma equipa de docentes e alunos trouxe para a universidade uma verba interessante, a qual serviria para pagar a execução de um trabalho e do calvário para ter esse dinheiro disponível e poder executar o trabalho. Mas que sentido teria falar desse tão desagradável assunto quando essa equipa é brindada um conjunto de material inovador para comunicar?! Ah!, deve dizer-se que as comunicações por telefone e internet são indispensáveis no trabalho.
De facto, quando se recebem placas de internet que a TMN descontinuou há pelo menos ano e meio e que nem funcionam nos mais recentes sistemas operativos de computadores e telefones que já só se vendem em outlet qualquer comentário perde sentido. E se, para além do mais os telefones trazem fotos de crianças sorridentes, do estádio da luz a abarrotar de gente, de um livrinho de instruções utilizado como caderno de número de telefone lamentarmo-nos só pode ser uma ingratidão.  Perante tão comovedora forma de funcionários zelosos se pronfificam a enfrentar a crise, só me apraz dizer: É (um) amor de Universidade.