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20/03/2011

Ópios em imagens


Esta noite  passava na Sic Notícias um documentário sobre o consumo de ópio no Afeganistão.
Impressionou-me a forma inocente como aquelas mulheres dão ópio aos filhos bebés; se eles choram, se tossem, se estão doentes se não querem dormir, se incomodam e não deixam as mães tecer é do ópio que se socorrem para os acalmar ou lhes tirar as dores.
Muitas destas crianças já nascem viciadas ou ficam viciadas com o leite da amamentação.
Alguma destas mulheres estão agora a entrar em centros de desintoxicação. Mas são ainda muito poucos os que existem. Na província de Balkh, célebre pelos tapetes, onde ouso do ópio é uma tradição antiga, a quatro horas de distância do aglomerado urbano mais próximo, junto das montanhas, existe um desses centro de desintoxicação, construído em terra, tal como as casas da região.
No documentário mostrava-se uma mulher que entrava no programa de desintoxicação com a filha de 3 anos. Em casa, deixara outra criança um pouco mais velha. Explicava que a morte de outra filha, acabada de nascer,  a quem teve que cavar a cova, a deixara sem força, com o coração doloroso e que o ópio a ajudava  a superar a dor.
Diziam-se muito mais coisas nesse documentário, nem sempre fazendo muita lógica para os modos formatados pela visão ocidental de ver o mundo.

É pena que sejam alinhadas na noite tardia as imagens que nos ajudam a reflectir sobre o mundo. Faz, obviamente, parte de outros ópios que nos dão para anestesiar as convicções, cujas imagens, também, se remetem para a noite alta. Ou se ignoram; como as da grande manifestação que ontem desceu a Avenida.

19/03/2011

manifestações


Hoje é dia de manifestação. De sair à rua e protestar.
Protestar, antes de mais, contra a classe politica que dirige o mundo e contra a maioria daquela que lhe faz oposição. Pelas politicas que executam  e defendem; mas, antes de tudo, pela mediocridade que a caracteriza. Arrogantes, quase sempre desprovidos de cultura, incluindo a democrática que dizem determinar a sua acção, gostam de apresentar-se como  filhos bem comportados a cumprir a ordem dos severos pais que são os mercados. E afirmam que sem els será o caos.

Acolhamo-nos, então, na rua e gritemos, novamente, sejamos realista peçamos o impossivel, 
porque o Mundo, que é de nós todos e apra nós todos, merece outras ordens familiares.

15/03/2011

No Egipto do passado


Nunca me interessei muito pelas coisas do Egipto faraónico. A grandeza dos templos e das pirâmides e a dimensão das estátuas nunca me fascinaram particularmente. Do mesmo modo que nunca me despertou qualquer sentimento o exagerado tamanho e a idealizada expressão das estátuas colossais ou o módulo repetido de figuras mostradas de lado.
Talvez por nunca ter conseguido ver estas obras sem os seus obreiros e crer que a felicidade de uns se construía pela vida indigna de outros.
 As estátuas da ilha de Páscoa são, também elas, colossos. Umas e outras terão exigindo grande sofrimento físico para se erguerem mas, ao contrario das que povoam as proximidades do Nilo, aquelas que se erguem em encostas declivosas na ilha de Páscoa, talvez pelo aspecto patético e a incerteza da sua construção, são-me menos indiferentes e e causam-me algum espanto.
Depois de ter estado ali mesmo em frente, ter averiguado a escala real de templos, dos túmulos e das representações de deuses e faraós não encontrei ainda as apalavras para explicar o que vi.
Ainda não me consigo encontrar nas dimensões da escala inumana das obras.

12/03/2011

Revolução no Egipto e manifestação de um país à rasca!


Por uns dias, em período de revolução, andei pelo Egipto. A Revolução deixou o Egipto quase vazio de turistas que, amedrontados, anularam a s suas visitas e tive oportunidade de gozar de uma visita de turista que poucos turistas terão feito. Com o Egipto tecnicamente vazio de estrangeiros os monumentos, normalmente inundados de gente, ficaram disponíveis à visita  a ritmo calmo e tranquilo.
Depois, todo o tempo, andei em companhia de alguém empenhado e convictamente interessado no sucesso da revolução.
Mas, voltando ao Egipto dos turistas, os que não vieram fizeram mal em anular  a vinda. A economia do Egipto teve uma baixa de 27%, o que sendo muito é. Apesar de tudo, como dizem os comentadores, muito pouco comparado com os milhares que se podem recuperar com a nacionalização dos bens da família Mubarak, mas se quiserm podem até fingir que não acontece nada no pais.
No Cairo, na  Praça Tahrir as manifestações continuam desdobradas em pequenos comícios que se multiplicam à sexta feira e as festa é bem visível em toda a cidade nas bandeiras com que os habitantes, grandes e  pequenos, orgulhosamente se enfeitam, como, como dizia um conhecido, se fosse carnaval.
Fora do Cairo, nas cidades turísticas, à parte a ausência de movimento,  e os hotéis quase vazios, é preciso contactar com as pessoas para perceber que algo se passa. Em lado se viu qualquer manifestação ou alteração da vida de todos os dias.
Os que vivem do turismo viram as suas receitas baixar drasticamente e alguns, como um certo vendedor de tecidos, não se acanham em dizer que Mubarak era ladrão mas que havia trabalho para todos mas, a cada paço, e mesmo entre estes os estão em desemprego técnico,  como são os que vivem dos produtos para o turismo, sem que lhes forcemos qualquer palavra sobre o assunto, a propósito e a despropósito referem eufóricos que  é pela revolução.
O orgulho da revolução e a convicção de que, apesar de poder haver um preço a pagar, não poderá deixar-se escapar a oportunidade, são-nos transmitidos quer por pessoas mais esclarecidas quer por simples aderentes  sem convicção politica, quer por cristãos e muçulmanos, activistas ou apenas figurantes do “carnaval”.
O Brasil de Lula, como já disse, é o modelo a seguir para mostrar a possibilidade da revolução consequente.
E há dois dias quando na televisão se analisavam os actos de contra-revolução dizia-se que os egípcios deviam estar preparados  para este tipo de actos  e para o facto de não se amedrontarem, pois que como se viu na revolução em Portugal eles ocorreram durante algum tempo, mas que num tempo relativamente curto e sem muitos danos os portugueses os terão sabido resolver.
Numa revolução tão longínqua, num dia em que em Portugal se encheram as ruas de gente clamando, não sei se os portugueses conseguiram acabar rapidamente com a contra-revolução!

11/03/2011

Portugal e o Brasil na Revolução do Egipto.

Desfraldada no mastro  de um barco em Assuão, esta bandeira tem, certamente, o valor simbólico da do FC Barcelona que se abre ao vento no barco imediatamente anterior a este.
Recolhi a imagem porque nestes dias em que tenho contactado com os sons da festa da Revolução uma das ideia repetidas é a de que é possível acabar com esta pobreza que mata o Egipto e conseguir que este país volte  a ter importância internacional.
A crença nessa possibilidade é forte e o Brasil de Lula aparece como o exemplo de que a possibilidade é real e não aparente. Na revolução do Egipto o Brasil é um exemplo do sucesso e Portugal, a prepósito de revoluções e actos de contra-revolução, o exemplo referido.