Fechem portas
ainda que a força seja pouca
hei-de cantar, hei-de cantar
Fechem portas
ainda que a força seja pouca
hei-de cantar, hei-de cantar
“ En una época de engaño universal decir la verdad es un acto revolucionario” Ian Angus
"Um fotógrafo-artista me disse outra vez: veja que pingo de sol no couro de um lagarto é para nós mais importante do que o sol inteiro no corpo do mar. Falou mais: que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem com barômetros etc. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós. Assim um passarinho nas mãos de uma criança é mais importante para ela do que a Cordilheira dos Andes. Que um osso é mais importante para o cachorro do que uma pedra de diamante. E um dente de macaco da era terciária é mais importante para os arqueólogos do que a Torre Eifel. (Veja que só um dente de macaco!) Que uma boneca de trapos que abre e fecha os olhinhos azuis nas mãos de uma criança é mais importante para ela do que o Empire State Building."
E lendo o parecer que laudatoriamente a tutela redige, particularmente o ponto 21, toda a poesia se esmorece, porque nem dá espaço para apanhar desperdícios: O acompanhamento a realizar pelo arqueólogo que subscreve O PATA Permitirá sim agilizar o processo de concretização de um projecto de valorização de um importante sítio arqueológico da cidade de Beja,(...) e vem criar uma infraestrutura museográfica-museológica importantíssima para a cidade e que, na nossa opinião, pode permitir a maximização do projecto arqueológico e a sua valorização.”
Ficaríamos descansados se esta biscate fosse trazer mais valias de conhecimento técnico e científico; mas como é no intervalo de seus afazeres e para agilizar as dúvidas são legítimas.
A felicidade dos sábios surge de seus próprios atos livres.” Pensamentos de Marco Aurélio.
(...) "Estou também indignado com os processos lançados contra pessoas que, quando julgadas, se provou nada terem feito de mal".
(...) "Estou cansado e triste por ver pessoas “queimadas” na praça pública com notícias falsas ou com acusações infundadas.Estou farto de ver incompetentes a exercer cargos para os quais não têm qualquer qualificação.Estou cansado e farto de ver nas televisões o rigor substituído pelo espetáculo. Estou farto de ver muita gente mais interessada em estar do lado do problema do que do lado das soluções. E também estou cansado de ver que em certos casos são eles mesmos o problema. Como também estou cansado dos que gostam mais de destruir do que construir. Estou cansado de ver tanta inveja e tanta vontade de deitar abaixo os que fazem qualquer coisa que se veja".
o texto Completo do Professor Marçal Grilo
A Câmara Municipal de Beja e o Senhor Arquitecto Vítor Mestre têm publicamente (e talvez em documentos oficiais que desconhecemos) apresentado como tendo a nossa aprovação o projecto de edifício a construir na rua da Moeda como equipamento para acolher os visitantes das ruínas do fórum romano de Beja escavadas, com inexcedível competência, pela Doutora Maria da Conceição Lopes. Isso é apenas meia-verdade. Cumpre revelar a outra meia-verdade que tem sido intencionalmente ocultada pela Câmara Municipal e pelo Senhor Arquitecto Vítor Mestre.
Na primeira apresentação pública do projecto, realizada em Fevereiro de 2020, manifestámos inequivocamente a nossa posição. A solução que considerámos ideal (e mantemos ainda hoje a mesma opinião) devia ser outra: o aproveitamento do edifício camarário que tem frente para a Praça da República (com os números 41 e 43) e traseiras para as ruínas do fórum. Nesse edifício devia ser instalado um Museu Arqueológico para recolher e apresentar os materiais (abundantes e importantes) recolhidos nas escavações, assim como os que se encontram actualmente no Museu Regional de Beja (designadamente os extraordinários capiteis do fórum). Do rés-do-chão desse edifício ter-se-ia acesso fácil às ruínas. Dos andares superiores ter-se-ia excelente vista aérea das mesmas ruínas, eventualmente tornando até desnecessário, para muitos visitantes, o calcorreamento ou pisoteamento das mesmas ruínas (com vantagem para a sua conservação). Além disso, no equipamento projectado pelo Senhor Arquitecto Vítor Mestre não haveria (e não há) espaço suficiente para uns sanitários que pudessem (ou possam) responder convenientemente a um grupo de 25 ou 30 visitantes que em simultâneo cheguem depois de um percurso de duas horas de autocarro. O problema não existiria no edifício da Praça da República.
Dado que, naquela sessão de apresentação do projecto, se tornou manifesto que a Câmara Municipal não aceitaria a nossa proposta e que estava firmemente decidida a executar o projecto que havia encomendado, manifestámos a nossa disposição de ajudar a revê-lo tendo como objectivo diminuir os aspectos negativos.
Tivemos então algumas reuniões de trabalho com o Senhor Arquitecto Vítor Mestre, que, receptivo às nossas sugestões, procedeu a algumas alterações, das quais a mais importante foi a de elevar o piso do edifício a uma cota que permitisse a visita das ruínas que ficarão sob o mesmo edifício.
Esta é a meia-verdade que tem sido escamoteada. Para nós, a solução ideal teria sido outra.
Devemos, todavia, honestamente, confirmar que colaborámos na revisão do projecto, embora desconheçamos a sua versão final e definitiva. Desconhecemos também o projecto que terá sido elaborado de rede de escoamento de águas pluviais e de instalação eléctrica.
Tendo sido de boa-vontade e informal a nossa colaboração, sem qualquer indigitação ou confirmação pela Direcção Geral do Património Cultural, recusamos qualquer alegação de que fomos o arqueólogo responsável pelo acompanhamento do projecto. Nunca, aliás, nos teríamos prestado a desempenhar esse papel, por entendermos que ele caberia, de pleno direito, à Doutora Maria da Conceição Lopes.
Também não temos conhecimento de qualquer proposta, se é que existe, relativa aos trabalhos de conservação e apresentação das ruínas. Pela Drª Adília Alarcão foram apresentadas ao Senhor Presidente da Câmara Municipal as bases e princípios para um programa e respectivo caderno de encargos. Se tal programa e caderno chegaram a ser elaborados (e, neste caso, por quem) não é do nosso conhecimento.
Temos informação de que o arqueólogo Filipe João Carvalho dos Santos apresentou um PATA para a realização dos trabalhos de acompanhamento requeridos no âmbito do Projecto de Valorização do Edifício do Forum de Beja. Entendemos que tal acompanhamento deve, por razões científicas e éticas, ser assegurado pela Doutora Maria da Conceição Lopes. Quem competentemente realizou as escavações e, como é óbvio, conhece a complexidade das ruínas e as sabe interpfetar é a pessoa indicada para assegurar esse acompanhamento. Outra escolha é eticamente condenável (se é que não é também juridicamente reprovável).
Coimbra, 10 de Maio de 2023
Jorge de Alarcão
(Professor Catedrático Aposentado
da Faculdade de letras de Coimbra)
Hoje acedi a uma texto onde um rapaz, Filipe J. C. Santos, se me referia como a escavadora.
Ao longo de vários anos trabalhei num projecto que ele, que nunca visitou, critica com voz, certamente sábia, e desdenhadora das escavadoras.
Como adjectivo, o dicionário indica que sábio é o que sabe fazer habilidades.
Eu, como escavadora, que no dicionário diz significar ser uma máquina de escavar, ofereço-me o qualificativo com orgulho. Como arqueóloga, que no dicionário diz ser a pessoa que se dedica à Arqueologia, não tenho dúvidas que foi o trabalho em torno dessa magnífica ciência que me fez "escavadora". Foi apenas essa habilidades, a de querer saber de cor o que diz a terra.Nunca me furtei ao trabalho para saber mais. Porque o saber dá trabalho. De viva Voz, é preciso escavar!
Contra a Misogenia, nada como uma escavadora!
Zora, cidade que quem viu uma vez nunca mais consegue esquecer (...) Zora tem a propriedade de permanecer na memória ponto por ponto, na sucessão das ruas e das casas ao longo das ruas e das portas e janelas das casas, apesar de não demonstrar particular beleza ou raridade. O seu segredo é o modo pelo qual o olhar percorre as figuras que se sucedem como uma partitura musical da qual não se pode modificar ou deslocar nenhuma nota.