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06/01/2011

Pinto Barbosa vai liderar o órgão que vai fiscalizar as contas públicas do país ou este país ensandeceu


António Pinto Barbosa presidiu durante 10 anos ao conselho fiscal do banco insolvente, liderado por João Rendeiro. Validou as contas até ao último relatório. http://jornal.publico.pt/noticia/06-01-2011/presidente-do-grupo-de-fiscalizacao-das-contas-publicas-certificou-contas-irregulares-do-bpp-20958877.htm 
 O vice-presidente da bancada do PS Ricardo Rodrigues vai presidir à IX comissão de inquérito ao caso Camarate, que será discutida e aprovada quarta-feira no Parlamento. http://www.tvi24.iol.pt/politica/camarate-parlamento-ricardo-rodrigues-comissao-de-inquerito-sa-carneiro-adelino-amaro-da-costa/1223420-4072.html
 O PSD deve ter indicado  Pinto Barbosa para liderar o órgão que vai fiscalizar as contas públicas do país por piedade, certamente!  Se  enquanto presidente do conselho fiscal do BPP, APB não encontrou quaisquer irregularidades nas contas do banco e teve que abandonar quando João Rendeiro foi obrigado pelo Banco de Portugal a rescindir não é  injusto que homem capaz de tanto grande zelo, sobretudo para com  a coisa pública  não ocupe um num cargo nacional? De preferência bem remunerado..
O PS deve ter indicado  Ricardo Rodrigues para presidir à IX (?) comissão de inquérito ao caso Camarate  para recuperar a honestidade enxovalhada do cidadão  que, colocado por jornalistas  frente a dois  gravadores,  se deu conta que  estava perante bombas (que até podem ser usadas contra aviões), e se apressou a levá-los nos bolsos para que deles fosse limpos de todo o seu potencial explosivo.  Naturalmente, sem qualquer  intenção de roubar nem com qualquer a ideia de atentar contra  a liberdade de imprensa.
E assim se faz de Portugal !

31/12/2010

Ano Novo




Cerca das duas da manhã, na Baía de Todos os Santos, em dias de lua cheia, a lua projecta-se nas águas calmas sob a forma de linha ou de caminho até à ilha de Itaparica.
Observar o desencontro de forma entre a coisa e o seu reflexo e  a originalidade dos factos criados no diálogo entre elementos diversos é, de cada vez, apesar da explicação científica, um momento de espanto.
Original . Que seja assim 2011.

30/12/2010

Seguindo para o ano

Esta manhã, comentadora muito solicitada, fazendo um comentário sobre o debate entre candidatos à presidência, esqueceu-se do que ia dizer. Assumiu esquecimento de forma desassombrada e rindo, quando já não dizia coisa com coisa.

Hoje à noite passaram na televisão o Primeiro Ministro de Portugal, em Junho de 2010, a considerar  um disparate dizer-se que é necessário recorrer á redução do salários na função pública para diminuir a despesa.

O mundo é estranho; a convicção de quem  opina e a de quem manda encontram-se e plasmam-se no esquecimento. Pobres de nós!
A representação na minha foto merece melhor consideração: cada um é o que é e nada mais.

29/12/2010

Insoportablemente soñé con un exiguo y nítido laberinto:

 Faz muito tempo adicionei no final das minhas mensagens este fragmento de um poema de   J. Luís Borges.
Insoportablemente soñé con un exiguo y nítido laberinto:
en el centro había un cántaro; mis manos casi lo tocaban, mis ojos lo veían,
 pero tan intrincadas y perplejas eran las curvas que yo sabía
   que iba a morir antes de alcanzarlo

Esqueci quando foi, nem isso tem importância de maior. Lembrei-me de todo o poema, hoje, ouvindo os candiadtos à presidência da república.
Se a cantiga é uma arma, que seja de protesto para que não caiamos mortos num  qualquer labirinto

28/12/2010

Para que se não acabe

Não sendo um blog onde escrevo com frequência é, por isso,  Pouco Frequente. Um blog não deve ser  isto. Não é, seguramente; mas como os blog são a exacta  dimensão da expressão livre, Pouco Frequente por ser um fluir de coisas em tempos incertos, pode usar um desses espaços de publicar coisas na corrente do tempo inconstante.
Esta foto! No meio de tantas outras apareceu esta. Contém memória  e exibe parcelas do património  colectivo;
fragmentado esperando ser refeito. Dando voltas à  austeridade e esperando que esta não ouse deixá-lo abandonado às pontas de picaretas afiada, como discurso vazio dos tempos que correm por aí.

04/11/2010

A Declaração de Paulo varela Gomes



Publico aqui a Declaração pública que Paulo Varela Gomes publicou em Público de 23 de Outubro, porque gostaria de ter sido eu a escrevê-la e porque acho que deve ser amplamente difundida.


DECLARAÇÃO


As medidas que o Estado português se prepara para tomar não servem para nada. Passaremos anos a trabalhar para pagar a dívida, é só. Acresce que a dívida é o menor dos nossos problemas. Portugal, a Grécia, a Irlanda são apenas o elo mais fraco da cadeia, aquele que parte mais depressa. É a Europa inteira que vai entrar em crise.

O capitalismo global localiza parte da sua produção no antigo Terceiro Mundo e este exporta para Europa mercadorias e serviços, criados lá pelos capitalistas de lá ou pelos capitalistas de cá, que são muito mais baratos do que os europeus, porque a mão-de-obra longínqua não custa nada. À medida que países como a China refinarem os seus recursos produtivos, menos viável será este modelo e ainda menos competitiva a Europa. Os capitalistas e os seus lacaios de luxo (os governos) sabem isso muito bem. O seu objectivo principal não é salvar a Europa, mas os seus investimentos e o seu alvo principal são os trabalhadores europeus com os quais querem despender o mínimo possível para poderem ganhar mais na batalha global. É por isso que o “modelo social europeu” está ameaçado, não essencialmente por causa das pirâmides etárias e outras desculpas de mau pagador. Posto isto, tenho a seguinte declaração a fazer:

Sou professor há mais de 30 anos, 15 dos quais na universidade.

Sou dos melhores da minha profissão e um investigador de topo na minha área. Emigraria amanhã, se não fosse velho de mais, ou reformar-me-ia imediatamente, se o Estado não me tivesse já defraudado desse direito duas vezes, rompendo contratos que tinha comigo, bem como com todos os funcionários públicos.

Não tenho muito mais rendimentos para além do meu salário. Depois de contas rigorosamente feitas, percebi que vou ficar desprovido de 25% do meu rendimento mensal e vou provavelmente perder o único luxo que tenho, a casa que construí e onde pensei viver o resto da minha vida.
Nunca fiz férias se não na Europa próxima ou na Índia (quando trabalhava lá), e sempre por
pouco tempo. Há muito que não tenho outros luxos. Por exemplo: há muito que deixei de comprar livros.

Deste modo, declaro:

1) o Estado deixou de poder contar comigo para trabalhar para além dos mínimos indispensáveis. Estou doravante em greve de zelo e em greve a todos os trabalhos extraordinários;

2) estou disponível para ajudar a construir e para integrar as redes e programas de auxílio mútuo que possam surgir no meu concelho;

3) enquanto parte de movimentos organizados colectivamente, estou pronto para deixar de pagar as dívidas à banca, fazer não um, mas vários dias de greve (desde que acompanhados pela ocupação das instalações de trabalho), ajudar a bloquear estradas, pontes, linhas de caminho-de-ferro, refinarias, cercar os edifícios representativos do Estado e as residências pessoais dos governantes, e resistir pacificamente (mas resistir) à violência do Estado.

Gostaria de ver dezenas de milhares de compatriotas meus a fazer declarações semelhantes

21/10/2010

Os amores melhores são os amores da rua

Era uma vez uma academia onde, diz-se, se ingressa para aprender.
Era uma vez o ensino que, diz-se, se criou para implementar conhecimento.
Era uma vez o tempo presente onde a academia é um caixote fora de prazo em que quem ensina não tem espaço e quem aprende sofre de claustrofobia. Sai correndo procurando outros amores, daqueles
que nalguma parede do bunker estão definidos, exibidos, exaltados como
Os amores melhores
são os amores da Rua.
Da academia só nos dias de desbunda, quando os amores se aquentam escondidos numa capa preta
solta pela rua se pode pensar que nela se ingressa para o que quer que seja.