Esta manhã, comentadora muito solicitada, fazendo um comentário sobre o debate entre candidatos à presidência, esqueceu-se do que ia dizer. Assumiu esquecimento de forma desassombrada e rindo, quando já não dizia coisa com coisa.
Hoje à noite passaram na televisão o Primeiro Ministro de Portugal, em Junho de 2010, a considerar um disparate dizer-se que é necessário recorrer á redução do salários na função pública para diminuir a despesa.
O mundo é estranho; a convicção de quem opina e a de quem manda encontram-se e plasmam-se no esquecimento. Pobres de nós!
A representação na minha foto merece melhor consideração: cada um é o que é e nada mais.
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30/12/2010
29/12/2010
Insoportablemente soñé con un exiguo y nítido laberinto:
Faz muito tempo adicionei no final das minhas mensagens este fragmento de um poema de J. Luís Borges.
Insoportablemente soñé con un exiguo y nítido laberinto:
en el centro había un cántaro; mis manos casi lo tocaban, mis ojos lo veían,
pero tan intrincadas y perplejas eran las curvas que yo sabía
que iba a morir antes de alcanzarlo
Esqueci quando foi, nem isso tem importância de maior. Lembrei-me de todo o poema, hoje, ouvindo os candiadtos à presidência da república.
Se a cantiga é uma arma, que seja de protesto para que não caiamos mortos num qualquer labirinto
Insoportablemente soñé con un exiguo y nítido laberinto:
en el centro había un cántaro; mis manos casi lo tocaban, mis ojos lo veían,
pero tan intrincadas y perplejas eran las curvas que yo sabía
que iba a morir antes de alcanzarlo
Esqueci quando foi, nem isso tem importância de maior. Lembrei-me de todo o poema, hoje, ouvindo os candiadtos à presidência da república.
Se a cantiga é uma arma, que seja de protesto para que não caiamos mortos num qualquer labirinto
28/12/2010
Para que se não acabe
Não sendo um blog onde escrevo com frequência é, por isso, Pouco Frequente. Um blog não deve ser isto. Não é, seguramente; mas como os blog são a exacta dimensão da expressão livre, Pouco Frequente por ser um fluir de coisas em tempos incertos, pode usar um desses espaços de publicar coisas na corrente do tempo inconstante.
Esta foto! No meio de tantas outras apareceu esta. Contém memória e exibe parcelas do património colectivo;
fragmentado esperando ser refeito. Dando voltas à austeridade e esperando que esta não ouse deixá-lo abandonado às pontas de picaretas afiada, como discurso vazio dos tempos que correm por aí.
Esta foto! No meio de tantas outras apareceu esta. Contém memória e exibe parcelas do património colectivo;
fragmentado esperando ser refeito. Dando voltas à austeridade e esperando que esta não ouse deixá-lo abandonado às pontas de picaretas afiada, como discurso vazio dos tempos que correm por aí.
04/11/2010
A Declaração de Paulo varela Gomes
Publico aqui a Declaração pública que Paulo Varela Gomes publicou em Público de 23 de Outubro, porque gostaria de ter sido eu a escrevê-la e porque acho que deve ser amplamente difundida.
DECLARAÇÃO
As medidas que o Estado português se prepara para tomar não servem para nada. Passaremos anos a trabalhar para pagar a dívida, é só. Acresce que a dívida é o menor dos nossos problemas. Portugal, a Grécia, a Irlanda são apenas o elo mais fraco da cadeia, aquele que parte mais depressa. É a Europa inteira que vai entrar em crise.
O capitalismo global localiza parte da sua produção no antigo Terceiro Mundo e este exporta para Europa mercadorias e serviços, criados lá pelos capitalistas de lá ou pelos capitalistas de cá, que são muito mais baratos do que os europeus, porque a mão-de-obra longínqua não custa nada. À medida que países como a China refinarem os seus recursos produtivos, menos viável será este modelo e ainda menos competitiva a Europa. Os capitalistas e os seus lacaios de luxo (os governos) sabem isso muito bem. O seu objectivo principal não é salvar a Europa, mas os seus investimentos e o seu alvo principal são os trabalhadores europeus com os quais querem despender o mínimo possível para poderem ganhar mais na batalha global. É por isso que o “modelo social europeu” está ameaçado, não essencialmente por causa das pirâmides etárias e outras desculpas de mau pagador. Posto isto, tenho a seguinte declaração a fazer:
Sou professor há mais de 30 anos, 15 dos quais na universidade.
Sou dos melhores da minha profissão e um investigador de topo na minha área. Emigraria amanhã, se não fosse velho de mais, ou reformar-me-ia imediatamente, se o Estado não me tivesse já defraudado desse direito duas vezes, rompendo contratos que tinha comigo, bem como com todos os funcionários públicos.
Não tenho muito mais rendimentos para além do meu salário. Depois de contas rigorosamente feitas, percebi que vou ficar desprovido de 25% do meu rendimento mensal e vou provavelmente perder o único luxo que tenho, a casa que construí e onde pensei viver o resto da minha vida.
Nunca fiz férias se não na Europa próxima ou na Índia (quando trabalhava lá), e sempre por
pouco tempo. Há muito que não tenho outros luxos. Por exemplo: há muito que deixei de comprar livros.
Deste modo, declaro:
1) o Estado deixou de poder contar comigo para trabalhar para além dos mínimos indispensáveis. Estou doravante em greve de zelo e em greve a todos os trabalhos extraordinários;
2) estou disponível para ajudar a construir e para integrar as redes e programas de auxílio mútuo que possam surgir no meu concelho;
3) enquanto parte de movimentos organizados colectivamente, estou pronto para deixar de pagar as dívidas à banca, fazer não um, mas vários dias de greve (desde que acompanhados pela ocupação das instalações de trabalho), ajudar a bloquear estradas, pontes, linhas de caminho-de-ferro, refinarias, cercar os edifícios representativos do Estado e as residências pessoais dos governantes, e resistir pacificamente (mas resistir) à violência do Estado.
Gostaria de ver dezenas de milhares de compatriotas meus a fazer declarações semelhantes
21/10/2010
Os amores melhores são os amores da rua
Era uma vez uma academia onde, diz-se, se ingressa para aprender.
Era uma vez o ensino que, diz-se, se criou para implementar conhecimento.
Era uma vez o tempo presente onde a academia é um caixote fora de prazo em que quem ensina não tem espaço e quem aprende sofre de claustrofobia. Sai correndo procurando outros amores, daqueles
que nalguma parede do bunker estão definidos, exibidos, exaltados como
Os amores melhores
são os amores da Rua.
Da academia só nos dias de desbunda, quando os amores se aquentam escondidos numa capa preta
solta pela rua se pode pensar que nela se ingressa para o que quer que seja.
Era uma vez o ensino que, diz-se, se criou para implementar conhecimento.
Era uma vez o tempo presente onde a academia é um caixote fora de prazo em que quem ensina não tem espaço e quem aprende sofre de claustrofobia. Sai correndo procurando outros amores, daqueles
que nalguma parede do bunker estão definidos, exibidos, exaltados como
Os amores melhores
são os amores da Rua.
Da academia só nos dias de desbunda, quando os amores se aquentam escondidos numa capa preta
solta pela rua se pode pensar que nela se ingressa para o que quer que seja.
11/10/2010
Archeology Of Homelessness
Eu tinha a certeza que ainda havia Arqueologia para lá dos bibelots.
Se em Portugal eles já a impestaram, no mundo vão aparecendo exemplos de que eles nunca terão condição para a matar. Eles jamais terão competência para perceber No matter what you see in the movies, archaeology isn't really about finding ancient temples or golden idols. It's about the day-to-day "stuff"— the material culture—of people's lives. It doesn't even have to be ancient, as a study of homeless peoples' stuff in Indianapolis is showing. Instead of being an exotic field, archaeology may even help the homeless to live better lives.
http://www.sciencedaily.com/releases/2008/11/081124130956.htm
Sejam lá o que forem os Homeless; Afinal vale a pena fazer Arqueologia
Se em Portugal eles já a impestaram, no mundo vão aparecendo exemplos de que eles nunca terão condição para a matar. Eles jamais terão competência para perceber No matter what you see in the movies, archaeology isn't really about finding ancient temples or golden idols. It's about the day-to-day "stuff"— the material culture—of people's lives. It doesn't even have to be ancient, as a study of homeless peoples' stuff in Indianapolis is showing. Instead of being an exotic field, archaeology may even help the homeless to live better lives.
http://www.sciencedaily.com/releases/2008/11/081124130956.htm
Sejam lá o que forem os Homeless; Afinal vale a pena fazer Arqueologia
09/10/2010
Arqueólogos bibelots
Cada vez que vejo obras na estrada ou na rua e um jovem com o ar mais enfadado do mundo abrando. Abrando a velocidade do carro ou o ritmo do passo. Abrando, porque sei que, a cada vez, me vou surpreender com o que vejo. Cada vez o cenário ilustra com mais vigor o caminho de degradação em que a Arqueologia portuguesa se movimenta.
Um dia destes, logo cedo, abrandei para poder observar com atenção e confirmar que era verdade o que me parecia ver; uma menina, cujo ar triste e a vergonha se não viam no rosto porque o ar de seca lhe tolhia os músculos faciais; olhava de modo quase envergonhado para uma escavadora que muito lentamente arrastava o balde para limpar a superfície das bermas da estrada.
Não sei explicar porque abrandei ao ponto de quase parar. Apesar de saber que nestas situações abrando; talvez porque goste me indignar com o que vejo para seguidamente o divulgar como prova da necessidade que temos de criar um movimento de indignados contra esta caricaturização da Arqueologia. Num destes dias, contava a história da menina e do balde de escavadora em limpezas de fim verão na berma da estrada quando foi fui interrompida por uma colega que me disse: estás a falar das arqueólogas bibelot? Aqueles que impedem os desgraçados dos trolhas de dizer palavrões porque estão sempre ali como se fossem guardas prisionais!
Nem queria acreditar. Estava tudo dito. Nenhum discurso que eu ali fizesse teria o efeito daquela designação.
Bibelots. É isso mesmo! Não serão tão interessantes como os bibelots vendidos em http://www.bibelots.com.br/, que nos são apresentados como "Mimos para si e para os seus queridos" mas posso acreditar que seriam mais úteis nos locais onde se deslocam se se equipassem com alguns dos adereços que aqui se podem comprar.
Talvez os trolhas os respeitassem mais. E, palavrões à parte, os arqueólogos Bibelot dariam mais colorido à Arqueologia, já que dar-lhe credibilidade não é o seu papel, contribuindo para a fazer sair deste momento de negritude.
Quando as leis são fruto de interesses de lobbys é nisto que podem dar: Bibelots a assistir a obras. É Obra!
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