Chegam a Lampesusa, aos milhares.
São jovens e partem em busca de trabalho, de uma côdea de pão, segundo Bernardino de Rubeis, o responsável da ilha de Lampedusa.
Procuram um abrigo para calar a falta de futuro. São devolvidos ao nada de onde chegaram e onde o futuro tarda.
O mundo é uma imensa promessa que se cumpre apenas para alguns.
Ah! já quase esquecia que a senhora Merkel, que declarou que o multiculturalismo falhou, diz, também, que vai ajudar o Egipto a construitr a Democracia. O Sarkozy também ajuda. As férias na casa de Mubarak, no ano passado, nem são para comentar. Se for com esta gente que se parte para construir a Democracia mais uma vez o Futuro será apenas para alguns e o mundo se continuará a construir hipotecado.
Gostaria que os egipcios tivessem a sua festa para sempre. Deles e para eles, como querem e sabem. Para que haja futuro algures por aquelas bandas
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13/02/2011
11/02/2011
“Tesouros” arqueológicos reescrevem história da UC"
Desembaraçada dessa ideia de aventura fascinante em busca de tesouros do passado que a marcaram [Arqueologia] na sua origem, no século XV, aprofundada com a visão romântica de caça ao tesouro dos séculos XVIII e XIX, desenvolvida nas escavações de Pompeia e Herculano, estas últimas descritas por Charles de Bosses como sendo feitas por exploradores correndo perigos, descendo a mais de 15 m, para retirar vestígios intactos à luz das tochas e pela descobertas nas pirâmides do Egipto e nas cidades da Grécia e da Mesopotâmia, a Arqueologia esforça-se, no presente, por apagar a presunção, ainda muito comum entre os académicos, de ser uma disciplina técnica que acede aos objectos e monumentos do passado, com vista a servir o discurso da História.
O título “Tesouros” arqueológicos reescrevem história da UC" com que o Diário de Coimbra encimou a notícia da visita às escavações na Alta de Coimbra [http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?p=72179729] fez-me pensar que o esforço é ainda muito maior que aquele que imaginava quando escrevia a frase simples que passo num diapositivo de uma aula de Introdução à Arqueologia.
E, todavia, continuo afirmando que na minha arqueologia o único tesouro é a epiderme das terras que emergem.
O título “Tesouros” arqueológicos reescrevem história da UC" com que o Diário de Coimbra encimou a notícia da visita às escavações na Alta de Coimbra [http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?p=72179729] fez-me pensar que o esforço é ainda muito maior que aquele que imaginava quando escrevia a frase simples que passo num diapositivo de uma aula de Introdução à Arqueologia.
E, todavia, continuo afirmando que na minha arqueologia o único tesouro é a epiderme das terras que emergem.
08/02/2011
Arqueologia das cidades de Beja
Arqueologia das cidade de Beja é um projecto onde a cidade se encontra com a sua construção.
É um projecto de arqueologia urbana que visa a salvaguarda do património e a produção de conhecimento.
Privilegiando uma abordagem que visa o encontro do conhecimento do passado com a cidade actual e a conjugação de ambos numa perspectiva de participação e desenvolvimento da comunidade, é um projecto que enquadra as suas lógicas de actuação nas Historic Urban Landscapes.
Assume como observação fundamental a dinâmica de interacção entre os habitantes da cidade e o espaço urbano e, nessa medida, os processos de recriação e reciclagem do espaço muito para além das intervenções veiculadas por ideologias de poderes.
Por considerar a comunidade como um elemento activo do projecto, esta será convocada a participar na preservação da sua memória e no usufruto do seu passado.
Por ser um projecto de uma Universidade, pois que são seus docentes os responsáveis, assume a formação de estudantes como uma exigência de coerência. Os seus resultados haverão de traduzir-se em teses de Mestrado e de Doutoramento.
De ambas as participações se haverão de fabricar novos "equipamentos" para a cidade de Beja e com eles contribuir para o seu desenvolvimento sustentado.
De ambas as participações se haverão de fabricar novos "equipamentos" para a cidade de Beja e com eles contribuir para o seu desenvolvimento sustentado.
06/02/2011
Imagens da Arqueologia na zona da Universidade de Coimbra
Frontaria da FLUC |
Escrevi sobre a Arqueologia patrocinada pela reitoria da Universidade de Coimbra.
Recebi, em retorno, dois indignados comentários. Não publico nenhum. Porque nenhuma tomada de posição anónima poderá pretender opinar no meu espaço, como é normal. Sob o anonimato apresentam-se os cobardes, os medrosos, os incompetentes. Quem pretende defender o seu trabalho, dá o nome, identifica-se e clarifica eventuais erros..
A minha opinião é dada com uma identificação pública; não me escondo em anonimatos. Por isso, nenhum anónimo comenta o que eu assino.
Se alguém acha que o que digo é errado, que se identifique e me convença com provas do contrário. Nunca recusei dialogar; mas todos os pedidos nesse sentido ficaram sem resposta. Dar opiniões anónimas e, ao mesmo tempo, continuar a esconder o trabalho e o quanto custou é de tal maneira feio que me recuso a grafar o adjectivo.
Continuo a afirmar, sem medo, que a arqueologia que ensino e investigo nada tem que ver com a que se faz sob a tutela da da arqueóloga da reitoria. Para mim a arqueologia que a reitoria paga não é arqueologia. Falo, naturalmente dos trabalhos a que tenho acesso.
A Arqueologia é uma disciplina científica cujo objectivo é estudar e conhecer a história da humanidade desde as origens até ao presente, com base nos vestígios materiais que se preservaram mas que o tempo ocultou. E isto faz toda a diferença.
A convenção Europeia para a Protecção do Património Arqueológico, assinada em Mala em 1992, ao consagrar a necessidade da “protecção do património arqueológico enquanto fonte da memória colectiva europeia e instrumento de estudo histórico e científico”, contribuiu de modo definitivo para a autonomia funcional da ciência Arqueologia e, ao definir “elementos do património arqueológico todos os vestígios, bens e outros indícios da existência do homem no passado” cujo estudo se confere a possibilidade de “traçar a história da humanidade e a sua relação com o ambiente”, definiu claramente o seu objecto de estudo e o carácter híbrido que lhe é próprio. Paralelamente, ao referir que a “principal fonte de informação é constituída por escavações ou descobertas e ainda outros métodos de pesquisa relacionados com o homem e o ambiente que o rodeia”, referenciou o método e os instrumentos da Arqueologia como disciplina científica.
Patio da Univrsiddae |
Construir um projecto de arqueologia urbana numa dimensão social de perspectiva de futuro é entregar às comunidades a materialidade da herança e da memória colectiva que o saber lhes resgatou da epiderme do chão que, por ser por elas usado, lhes pertence por direito próprio.
O que se faz no "gabinete" de arqueologia da reitoria da UC é o que se vê na foto ao lado. Esta foto foi tomada num sábado, pela tarde, depois de verificado se havia interdição à tomda de fotos. Foi tomada durante a visita de investigadores em Arqueologia que, naturalmente, perguntaram se era assim que ainda se fazia arqueologia em Portugal!
Foi a vergonha que senti nesse dia que me fez escrever.
03/02/2011
A Universidade de Coimbra (UC) promove hoje uma visita às escavações
"A Universidade de Coimbra (UC) promove hoje uma visita às escavações que estão a decorrer no Largo Marquês de Pombal, junto ao Museu da Ciência, e no Pateo das Escolas, guiada pelo reitor, Fernando Seabra Santos, e pela arqueóloga Sónia Filipe. As intervenções arqueológicas inserem-se nos projectos de ampliação do Museu e na requalificação do Pateo e possibilitam ver estruturas que estavam escondidas, como parte do antigo Observatório Pombalino. A iniciativa começa às 12h00, com uma sessão de enquadramento e esclarecimento dos convidados, no auditório do Museu da UC, e só depois se parte para o terreno. De acordo com uma nota enviada pelo gabinete do reitor, serão visitadas três intervenções arqueológicas, nas quais é possível ver uma estrutura subterrânea adjacente ao Laboratório Chimico (Museu da Ciência), uma fonte, inserida no Complexo da Companhia de Jesus em Coimbra, e ainda parte do Observatório Pombalino, que esteve alojado no topo sul do Pateo e foi demolido em meados do século passado." Publico, 3.12.2011
Não fui convidada, apesar de ser docente de Arqueologia da UC, nem eu nem nenhum dos meus colegas. Nem hoje nem nunca. desconheço completamente estes trabalhos. vejo-os como todos os podem ver. quando abertos, olho por entre as grades.
Mas também não iria. Tenho da Arqueologia uma concepção diferente daquela que a reitoria da UC, a sua arqueóloga e o auto-afirmado geoarqueólogo promovem e que as empresas contratadas executam. A ciência arqueologia não admite trabalhos como os que se podiam ver no Pateo da Univerisidade.
Felizmente há na Universidade de Coimbra um ensino rigoroso e competente da Arqueologia e uma investigação cuidada e com objectivos de produzir conhecimento.
E há escavações onde todos podem entrar; não precisam de convites!
Não fui convidada, apesar de ser docente de Arqueologia da UC, nem eu nem nenhum dos meus colegas. Nem hoje nem nunca. desconheço completamente estes trabalhos. vejo-os como todos os podem ver. quando abertos, olho por entre as grades.
Mas também não iria. Tenho da Arqueologia uma concepção diferente daquela que a reitoria da UC, a sua arqueóloga e o auto-afirmado geoarqueólogo promovem e que as empresas contratadas executam. A ciência arqueologia não admite trabalhos como os que se podiam ver no Pateo da Univerisidade.
Arqueologia da Reitoria da Universidade de Coimbra |
E há escavações onde todos podem entrar; não precisam de convites!
01/02/2011
A Porta Limitada
Hoje, ao receber um cartão para substituir a velha chave da porta do Instituto de Arqueologia —o palácio de subripas — lembrei-me do título de um livro que há muito tempo li. A Porta dos Limites de Urbano Tavares Rodrigues.
Não sei porque me lembrei daquele livro que, na 3º edição, na capa, tem um olho azul rodeado superiormente de pestanas pretas e inferiormente de raros fios castanhos acompanhando um esborratado contorno da mesma cor que, depois de lido, foi a capa que mais interesse me despertou.
A verdade é que, ao assinar um papel para poder ser usuária daquele cartão com publicidade, igual ao que se usa na máquina de fotocópias ou nos quartos de hotel, senti
de repente, que aquela vigorosa e acolhedora porta se estava a transformar num banal limite; num objecto que se não deseja franquear; numa cópia de tantas entradas sem gosto, ao lado das quais passamos sem nenhum arrepio de inveja. E, inexplicavelmente, depois de tanto tempo, passou-me pela cabeça a primeira frase do prefácio que Armando Ventura Ferreira fez do livro “Não gosta o homem de entender limites à sua criatividade criadora. Entendê-los é confessar a sua derrota”
A substituição de uma fechadura, que existia em cuidada harmonia com a porta de madeira e o portal de pedra, manuelino, que a emoldurava, por um canhão saliente com um leitor de banda que se encontra escondida num vulgar cartão, bateu-me como uma derrota; como um limite à curiosidade de a ultrapassar.
Eu que não tenho grande apego a cartões e os perco a cada instante, percebi que este é o primeiro limite, porventura de outro que se adivinham, para confinar a criatividade a horas de funcionários; afastando-a, assim, da casa que leiloam como “A casa da sabedoria”.
Ficou mais pobre o portal e tudo o que ele encerra . E nós sentimos que também este património será, de outro modo, transfigurado em qualquer coisa com horário bem definido.
Numa casa onde a fechadura era a única coisa sem problemas, foi ela a sacrificada. Quando vedarem as brechas das janelas, preencherem os vazios dos vidros, tratarem as paredes que escorrem salitre e estancarem a água que por ali corre como rio, acredito que aserá o Instituto de Arqueologia que assitirá à sua condenação.
Voltando à Porta dos Limites, Urbano Tavares Rodrigues escreve no penúltimo parágrado (fui reler agora) "mas a tarde punha-se para nós de triste enfado e de pressentimentos...", referindo-se à liberdade.
Hoje, que a porta do Instituto de Arqueologia se transformou numa porta limitada, triste, e nos convoca pressentimentos, Calar é confessar a derrota!
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