Há 20 anos, em 1997 publicava-se a obra que haveria de apresentar, de modo interpretado, os dados arqueológicos revelados na superfície da terra do concelho de Serpa.
"A carta Arqueológica de Serpa nasceu de uma proposta da Câmara Municipal a um dos autores quando este se dirigiu à entidade solicitando apoio para trabalho de prospecção no concelho, tendente integrar esse estudo num mais abrangente sobre o território de Pax Iulia".
O autor era Maria da conceição Lopes e o autarca João Rocha, actual presidente de Câmara de Beja.
Os apoios para o trabalho de campo permitiram percorrer todo o espaço do concelho e para nele participar para a contratação de Pedro Carvalho e Sofia Gomes.
"A importância dos dados recolhidos, quer por si mesmos, quer pelo conjunto, tornaram evidente que não era legítimo qua apenas se elaborasse um catálogo de sítios e achados do concelho, cuja tradução, enquanto instrumento de trabalho, serviria especialistas interessados na arqueologia da região e a autarquia enquanto gestora dos seus bens arqueológicos".
A Arqueologia do Concelho de Serpa haveria, por isso, de reunir especialistas de várias arqueologias para colaborar na publicação dos dados Jorge Alarcão, José de Encarnação, Raquel Vilaça e Helena Catarino.
A Arqueologia do Concelho de Serpa é, ainda hoje, uma marca importante no registo e divulgação arqueológica de qualidade. Uma ferramenta de trabalho, certamente desactualizada no que respeita ao número de sítios, sobretudo pelos trabalhos de Alqueva (para os quais foi profunda e globalmente usada, refletindo bem o carácter público desta investigação) mas, ainda assim, absolutamente actual pelo método de recolha, modo de registo e qualidade de divulgação.
Feita num tempo em que os computadores eram objectos de luxo, a revelação de fotos caríssima, a qualidade gráfica e ilustrações da obra marcam, também elas, a diferença relativamente ao que então se fazia.
A Arqueologia e a sua importância social, ou a transferência para a comunidade, como hoje se diz, não é para nós, uma moda ou uma postura de interesse, está bem claramente refletida nesta obra, quando disso se não falava.
" ...a nossa intenção e a da autarquia foram coincidentes. Deveria ser preparado um trabalho que satisfizesse simultaneamente os interesses da comunidade científica, da autarquia e da comunidade em geral . Isto é, sem perder o rigor científico, era necessário disponibilizar, sob forma de publicação uma visão do concelho e da sua arqueologia".
"Percorrido o campo, registadas as memórias, proposta a realidade possível dos homens de outros tempos, alguns dos quais conhecemos pelo nome, imortalizado nos seus epitáfios ou no de algum dos seus, ou nos votos que fizeram aos deuses, eis oq eu, sob a form de livro, devolvemos, aos homens de hoje e ao concelho de Serpa"
Retemos sempre o que escreveu o Professor Jorge de Alarcão na página de apresentação
" A villa branca de Serpa, tão cheia de Luz, tem escuro o seu passado.... Em cinco. meses de trabalho de campo , Pedro Carvalho e Sofia Gomes, sob orientação de M. Conceição Lopes, identificaram três centenas de moradas que o delgado chão alentejano mal oculta e todavia jazem deslembradas. ... Não terão visto tudo. Mas quem pode pretender ter feito uma inventário exaustivo do património Arqueológico? Sempre um pastor, um lavrador , um caçador que são homens mais chegados à terra, descobrirão novos lugares, denunciados por talhões ou por escórias, por louças estilhaçadas ou moedas.
Fica feito o inventário , que anuncia muitos lugares de interesse: dormiam quase todos na quietude de um esquecimento do qual esta obra agora os faz sair."
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