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27/11/2016

Os achados arqueológicos na Praça da República em Beja ou a "Falta de verbas impede investigação de importantes achados arqueológicos em Beja" de 2003

em 13/06/2003, Carlos Dias, escrevia no jornal o Público


Importantes achados arqueológicos encontrados nas remodelações da Praça da República de Beja vão voltar a ser enterrados por falta de verbas para levar a cabo uma escavação.No subsolo da praça surgiram pequenas peças quadrangulares de mosaico (tesselas) incrustadas em pavimentos antigos muito bem preservados. A arqueóloga Conceição Lopes, que há mais de uma década realiza trabalhos de investigação sobre o período romano no centro histórico de Beja, observou-os e concluiu "que são muito importantes pelos indícios que revelam ". "Talvez sejam da época romana e de edifícios eventualmente adjacentes ao fórum" - conjunto de edifícios públicos que constituem a zona central da cidade - que se pensa poder ter existido naquele local, presume, por seu turno, a arqueóloga responsável pelo levantamento e registo da área prospectada, Adelaide Pinto.No entanto, os trabalhos de escavação necessários para uma melhor interpretação do material agora posto a descoberto "não vão ser possíveis", explica Adelaide Pinto, que vai apenas "limpar, fotografar e registar" os achados. Os vestígios serão outra vez enterrados, depois de revestidos com uma tela de geotêxtil sobre a qual será aplicada uma camada de areia. Por cima ficará a praça, cujo actual pavimento irá ser substituído por outro de lajes de mármore, no âmbito do programa de requalificação urbana Polis. O presidente do Instituto Português de Arqueologia (IPA), Fernando Real, explica que não se procederá a escavações por falta de dinheiro: "Só estamos a intervir na medida do estritamente necessário, um trabalho do género custa dinheiro e vivemos numa fase de contenção orçamental". Mas razões de outro género estão também na base da decisão do organismo que tutela a arqueologia em Portugal: uma intervenção mais profunda "só é possível desde que esteja planificada, o que não é o caso", defende Fernando Real. O presidente do IPA refuta a possibilidade de se efectuarem escavações enquanto a obra durar, alegando que "os calendários das duas intervenções poderiam não coincidir", arrastando assim os trabalhos de remodelação da praça. Este responsável mostra-se preocupado não só com as finanças do IPA como com as do Estado:"Não é lícito cobrar ao promotor da obra os custos das escavações". Para os vindouros, diz, fica "uma reserva arqueológica", em condições de no futuro poder ser estudada. Basta apenas remover algumas das placas de mármore que vão constituir o piso da praça. Fernando Real confirma a importância dos achados, nos quais são visíveis estragos provocados por obras anteriores, a partir dos anos 40 do século passado. O "contentamento de algumas pessoas", sobretudo arqueólogos, perante a descoberta terá motivado "este sururu em torno da obra, para que se fosse mais longe na investigação". A arqueóloga Conceição Lopes que considera "inacreditável que as pesquisas fiquem apenas ao nível da limpeza das estruturas descobertas". Uma intervenção como a que está a ser efectuada "no local onde se encontra a acrópole de Beja devia ir muito mais longe, para aprofundar as investigações", reclama. A arqueóloga esclarece que todos os levantamentos que já fez na área envolvente da praça a levam a concluir "que existe um centro monumental onde pode estar localizado o forum romano": a Praça da República e áreas vizinhas. Mas acrescenta que o interesse arqueológico não se deve circunscrever apenas à época romana. "Existe [no subsolo] informação importante da evolução de Beja nos períodos islâmico, medieval e moderno", assinala, considerando necessário elaborar um projecto científico para se conhecer com mais precisão "o estatuto de uma cidade que foi a única colónia romana no sudoeste peninsular". 
"Não é lícito cobrar ao promotor da obra [o Estado] os custos das escavações". Afirmava o zeloso Fernando Real Presidente do Instituto Português de Arqueologia.
Passados 13 anos continuamos a considerar "inacreditável que as pesquisas fiquem apenas ao nível da limpeza das estruturas descobertas e quanto mais conhecemos de Beja, mais inacreditável achamos que assim se tenha procedido. ". 
Não sendo lícito cobrar ao promotor da obra (que foi o Estado) os custos da escavação, como afirmou  Fernando Real, seria lícito (porque a lei o exige) que o Estado reclamasse a todos os arqueólogos sem excepção (nem mesmo para as empresas privadas)  os resultados das escavações que fazem. Até hoje, passados 16 anos, não há relatório final da escavação (ou então estará inacessível ou indisponível) e tanto quanto sei ler , a lei obriga a que tivesse sido apresentado há muito.

entre outros achados o do mosaico é muito importante ; é cada vez mais mais importante. É que, face aos achados recentes na área do fórum, este elemento, que deverá ser comparado com outros , entre eles o da cela do templo de Tarraco (imagem supra apresentada), parece ganhar sentido . Tanto quanto me lembro, o mosaico escavado era muito semelhante. Esperamos com esta publicação dar mais um estímulo para que o Relatório seja apresentado e o mosaico estudado. Ou não é nestes casos que faz sentido falar do que é que é licito ou não é licito?

1 comentário:

A Lusitânia disse...

Parabéns pelo blogue.