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08/02/2011

Arqueologia das cidades de Beja

     
Arqueologia das cidade de Beja é um projecto onde a cidade se encontra com a sua construção. 
É um projecto de arqueologia urbana que visa a salvaguarda do património e a produção de conhecimento. 
Privilegiando uma abordagem que visa o encontro do conhecimento do passado com a cidade actual e a conjugação de ambos numa perspectiva de participação e desenvolvimento da comunidade, é um projecto que enquadra as suas lógicas de actuação nas Historic Urban Landscapes.
Assume como observação fundamental a dinâmica de interacção entre os habitantes da cidade e o espaço urbano e, nessa medida, os processos de recriação e reciclagem do espaço muito para além das intervenções veiculadas por ideologias de poderes. 
Por considerar a comunidade como um elemento activo do projecto, esta será convocada a participar na preservação da sua memória e no usufruto do seu passado.
Por ser um projecto de uma Universidade, pois que são seus docentes os responsáveis, assume a formação de estudantes como uma exigência de coerência. Os seus resultados haverão de traduzir-se em teses de Mestrado e de Doutoramento.

De ambas as participações se haverão de fabricar novos "equipamentos" para a cidade de Beja e com eles contribuir para o seu desenvolvimento sustentado. 

06/02/2011

Imagens da Arqueologia na zona da Universidade de Coimbra

Frontaria da FLUC

   Escrevi sobre a Arqueologia patrocinada pela reitoria da Universidade de Coimbra.
    Recebi, em retorno, dois indignados comentários. Não publico nenhum. Porque nenhuma tomada de posição anónima  poderá pretender opinar no meu espaço, como é normal. Sob o anonimato apresentam-se os cobardes, os medrosos, os incompetentes. Quem pretende defender o seu trabalho, dá o nome, identifica-se e clarifica eventuais erros..
A minha opinião é dada com uma identificação pública; não me escondo em anonimatos. Por isso, nenhum anónimo comenta o que eu assino.
Se alguém acha que o que digo é errado, que se identifique e me convença com provas do contrário. Nunca recusei dialogar; mas todos os pedidos nesse sentido ficaram sem resposta.  Dar opiniões anónimas e, ao mesmo tempo, continuar a esconder o trabalho e o quanto custou é de tal maneira feio que me recuso a grafar o adjectivo.
                Continuo a afirmar, sem medo, que a arqueologia que ensino e investigo nada tem que ver com a que se faz sob a tutela da da arqueóloga da reitoria. Para mim a arqueologia que a reitoria paga  não é arqueologia. Falo, naturalmente dos trabalhos a que tenho acesso.
              A Arqueologia é uma disciplina científica cujo objectivo é estudar e conhecer a história da humanidade desde as origens até ao presente, com base nos vestígios materiais que se preservaram mas que o tempo ocultou. E isto faz toda a diferença.
 A convenção Europeia para a Protecção do Património Arqueológico, assinada em Mala em 1992, ao consagrar a necessidade da “protecção do património arqueológico enquanto fonte da memória colectiva europeia e instrumento de estudo histórico e científico”, contribuiu de modo definitivo para a autonomia funcional da ciência Arqueologia e,  ao definir “elementos do património arqueológico todos os vestígios, bens e outros indícios da existência do homem no passado”  cujo estudo se confere a possibilidade de “traçar a história da humanidade e a sua relação com o ambiente”, definiu claramente o seu objecto de estudo e o carácter híbrido que lhe é próprio.  Paralelamente, ao referir que a “principal fonte de informação é constituída por escavações ou descobertas e ainda outros métodos de pesquisa relacionados com o homem e o ambiente que o rodeia”, referenciou o método e os instrumentos  da Arqueologia como disciplina científica.

Patio da Univrsiddae
Construir um projecto de arqueologia urbana numa dimensão social de perspectiva de futuro é entregar às comunidades a materialidade da herança e da memória colectiva que o saber lhes resgatou da epiderme do chão que, por ser por elas usado, lhes pertence por direito próprio.
O que se faz no "gabinete" de arqueologia da reitoria da UC é o que se vê na foto ao lado. Esta foto foi tomada num sábado, pela tarde, depois de verificado se havia interdição à tomda de fotos. Foi tomada durante a visita de investigadores em Arqueologia que, naturalmente, perguntaram se era assim que ainda se fazia arqueologia em Portugal! 
Foi a vergonha que senti nesse dia que me fez escrever. 

03/02/2011

A Universidade de Coimbra (UC) promove hoje uma visita às escavações

"A Universidade de Coimbra (UC) promove hoje uma visita às escavações que estão a decorrer no Largo Marquês de Pombal, junto ao Museu da Ciência, e no Pateo das Escolas, guiada pelo reitor, Fernando Seabra Santos, e pela arqueóloga Sónia Filipe. As intervenções arqueológicas inserem-se nos projectos de ampliação do Museu e na requalificação do Pateo e possibilitam ver estruturas que estavam escondidas, como parte do antigo Observatório Pombalino. A iniciativa começa às 12h00, com uma sessão de enquadramento e esclarecimento dos convidados, no auditório do Museu da UC, e só depois se parte para o terreno. De acordo com uma nota enviada pelo gabinete do reitor, serão visitadas três intervenções arqueológicas, nas quais é possível ver uma estrutura subterrânea adjacente ao Laboratório Chimico (Museu da Ciência), uma fonte, inserida no Complexo da Companhia de Jesus em Coimbra, e ainda parte do Observatório Pombalino, que esteve alojado no topo sul do Pateo e foi demolido em meados do século passado." Publico, 3.12.2011
Não fui convidada, apesar de ser docente de Arqueologia da UC, nem eu nem nenhum dos meus colegas. Nem hoje nem nunca. desconheço completamente estes trabalhos. vejo-os como todos os podem ver. quando abertos, olho por entre as grades.
Mas também não iria. Tenho da Arqueologia uma concepção diferente daquela que a reitoria da UC, a sua arqueóloga e o auto-afirmado geoarqueólogo promovem e que as empresas contratadas executam. A ciência arqueologia não admite trabalhos como os que se podiam ver no Pateo da Univerisidade. 
Arqueologia da Reitoria da Universidade de Coimbra
Felizmente há na Universidade de Coimbra um ensino rigoroso e competente da Arqueologia e uma investigação cuidada e com objectivos de produzir conhecimento. 
E há escavações onde todos podem entrar; não precisam de convites!

01/02/2011

A Porta Limitada


Hoje, ao receber um cartão para substituir a velha chave da porta do Instituto de Arqueologia —o palácio de subripas — lembrei-me do título de um livro que há muito tempo li. A Porta dos Limites de Urbano Tavares  Rodrigues.
Não sei porque me lembrei daquele livro que, na 3º edição,  na capa, tem um olho azul rodeado superiormente de pestanas pretas e inferiormente de raros fios castanhos acompanhando um esborratado contorno da mesma cor que, depois de lido, foi a capa que mais interesse me despertou.
A verdade é que, ao assinar um papel para poder ser usuária daquele cartão com publicidade, igual ao que se usa na máquina de fotocópias ou nos quartos de hotel, senti
de repente, que aquela vigorosa e acolhedora porta se estava a transformar num banal limite; num objecto que se não deseja franquear; numa cópia de tantas entradas sem gosto, ao lado das quais passamos sem nenhum arrepio de inveja. E, inexplicavelmente, depois de tanto tempo, passou-me pela cabeça a primeira frase do prefácio que Armando Ventura Ferreira fez do livro “Não gosta o homem de entender limites à sua criatividade criadora. Entendê-los é confessar a sua derrota”
A substituição de uma fechadura, que existia em cuidada harmonia com a porta de madeira e o portal de pedra, manuelino, que a emoldurava, por um canhão saliente com um leitor de banda que se encontra escondida num vulgar cartão, bateu-me como uma derrota; como um limite à curiosidade de a ultrapassar.
Eu que não tenho grande apego a cartões e os perco a cada instante, percebi que este é o primeiro limite, porventura de outro que se adivinham,  para confinar a criatividade a horas de funcionários; afastando-a, assim, da casa que leiloam como  “A casa da sabedoria”.
Ficou mais pobre o portal e tudo o que ele encerra . E nós sentimos que também este património será, de outro modo, transfigurado em qualquer coisa com horário bem definido. 
Numa casa onde a fechadura era a única coisa sem problemas, foi ela a sacrificada. Quando vedarem as brechas das janelas, preencherem os vazios dos vidros, tratarem as paredes que escorrem salitre e estancarem  a água que por ali corre como rio, acredito que aserá o Instituto de Arqueologia que assitirá à sua condenação. 
Voltando à Porta dos Limites, Urbano Tavares Rodrigues  escreve no  penúltimo parágrado (fui reler agora)  "mas a tarde punha-se para nós de triste enfado e de pressentimentos...", referindo-se à liberdade.
Hoje, que a porta do Instituto de Arqueologia se transformou numa porta limitada, triste, e nos convoca pressentimentos, Calar é confessar a derrota!

24/01/2011

Quanto vale um presidente?


Descobri esta foto do filme "o piano" que Sinde Filipe rodou em Piódão quando eu era criança. Encontrei-a espreitando no facebook de uma familiar que conheço apenas virtualmente. Vive pelas bandas de Lisboa e vai divulgando com orgulho evidente peças da terra de seus pais. Terra que é, também, a minha. 
Eu, cuja profissão é descobrir, acho estranho encontrar tempos de mim exibidos pela sensibilidade de alguém de quem sei quase nada, apesar de da cautela  com que  atira para o mundo pedaços de vidas.
Descobri esta foto enquanto falava o novo (velho) presidente da república. Recordando cada um dos que estamos no retrato e tudo o que em conjunto fizemos, ocorreu perguntar quanto vale um presidente.
E descobri que perguntar coisas destas só pode vir da aprendizagem construída na liberdade de olhar as serras onde os sons se podiam confundir com os do piano. como no filme.
Valem muito pouco os discursos dos presidentes comparados com os gestos de construção da memória de um país.

10/01/2011

Credenciação dos licenciados de pré-Bolonha com o grau de Mestre

 De acordo com a agência Lusa o Presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), António Rendas, disse hoje que "foram aprovadas recomendações para iniciar o processo de creditação dos licenciados pré-Bolonha".  António Rendas revelou que "essas orientações visam credenciar os licenciados anteriores ao processo de Bolonha com o grau de mestre".
Para isso, "conforme o currículo académico e profissional de cada um terão de fazer algumas disciplinas, apresentar e defender um relatório final, cujas definições serão determinadas por cada uma das universidades".
Seria uma boa decisão se ela visasse equivaler as formações antigas às actuais. Um aluno licenciado pré-Bolonha é, seguramente, em muitos casos e em muitas áreas, mais competente que um Mestre Bolonha.
Mas, como suponho que é o pagamento do processo que sutenta tanta bonomia, não auguro grande coisa. Num país onde as novas oportunidades vão credenciando todo o tipo de gente, aos milhares, até doi pensar que pode ser o prenuncio de que os doutoramentos se venham a vender legalmente nas Universidades!
Será este o melhor caminho para Portugal atingir níveis europeus de alfabetização?!