Frontaria da FLUC |
Escrevi sobre a Arqueologia patrocinada pela reitoria da Universidade de Coimbra.
Recebi, em retorno, dois indignados comentários. Não publico nenhum. Porque nenhuma tomada de posição anónima poderá pretender opinar no meu espaço, como é normal. Sob o anonimato apresentam-se os cobardes, os medrosos, os incompetentes. Quem pretende defender o seu trabalho, dá o nome, identifica-se e clarifica eventuais erros..
A minha opinião é dada com uma identificação pública; não me escondo em anonimatos. Por isso, nenhum anónimo comenta o que eu assino.
Se alguém acha que o que digo é errado, que se identifique e me convença com provas do contrário. Nunca recusei dialogar; mas todos os pedidos nesse sentido ficaram sem resposta. Dar opiniões anónimas e, ao mesmo tempo, continuar a esconder o trabalho e o quanto custou é de tal maneira feio que me recuso a grafar o adjectivo.
Continuo a afirmar, sem medo, que a arqueologia que ensino e investigo nada tem que ver com a que se faz sob a tutela da da arqueóloga da reitoria. Para mim a arqueologia que a reitoria paga não é arqueologia. Falo, naturalmente dos trabalhos a que tenho acesso.
A Arqueologia é uma disciplina científica cujo objectivo é estudar e conhecer a história da humanidade desde as origens até ao presente, com base nos vestígios materiais que se preservaram mas que o tempo ocultou. E isto faz toda a diferença.
A convenção Europeia para a Protecção do Património Arqueológico, assinada em Mala em 1992, ao consagrar a necessidade da “protecção do património arqueológico enquanto fonte da memória colectiva europeia e instrumento de estudo histórico e científico”, contribuiu de modo definitivo para a autonomia funcional da ciência Arqueologia e, ao definir “elementos do património arqueológico todos os vestígios, bens e outros indícios da existência do homem no passado” cujo estudo se confere a possibilidade de “traçar a história da humanidade e a sua relação com o ambiente”, definiu claramente o seu objecto de estudo e o carácter híbrido que lhe é próprio. Paralelamente, ao referir que a “principal fonte de informação é constituída por escavações ou descobertas e ainda outros métodos de pesquisa relacionados com o homem e o ambiente que o rodeia”, referenciou o método e os instrumentos da Arqueologia como disciplina científica.
Patio da Univrsiddae |
Construir um projecto de arqueologia urbana numa dimensão social de perspectiva de futuro é entregar às comunidades a materialidade da herança e da memória colectiva que o saber lhes resgatou da epiderme do chão que, por ser por elas usado, lhes pertence por direito próprio.
O que se faz no "gabinete" de arqueologia da reitoria da UC é o que se vê na foto ao lado. Esta foto foi tomada num sábado, pela tarde, depois de verificado se havia interdição à tomda de fotos. Foi tomada durante a visita de investigadores em Arqueologia que, naturalmente, perguntaram se era assim que ainda se fazia arqueologia em Portugal!
Foi a vergonha que senti nesse dia que me fez escrever.